Há pouco eu estive pregando numa igreja que em meio a tragédia da Região Serrana do Rio de Janeiro entoou efusivamente uma canção pedindo a Deus que derramasse sobre o povo ali reunido aguaceiro e chuvarada.
Pois é, depois da tragédia do Bumba e da Região Serrana eu não consigo mais cantar algumas canções do cancioneiro popular evangélico. Depois de ter conhecido pessoalmente a tragédia de Porto Principe no Haiti, eu não possuo a menor condição de cantar "que um terremoto vai acontecer".
Caro leitor, sinceramente acredito que inúmeros quesitos são necessários a um saudável momento de louvor com música na igreja, dentre estes sensibilidade, compaixão, conhecimento bíblico, além é claro, de uma boa teologia, os quais infelizmente tornaram-se atributos inexistentes a boa parte da igreja evangélica brasileira.
Diante disto, assim como o compositor Paulo Cezar, do grupo Logos, eu também nestes dias sinto um verdadeiro espanto em meu coração. E como já escrevi inúmeras vezes, parece que a igreja brasileira se perdeu no caminho em direção ao trono da graça.
O surgimento da denominada música gospel nos fez esquecer de algumas canções extremamente relevantes. Por acaso, você já se deu conta que em nossas igrejas não cantamos mais sobre o céu, sobre o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, sobre a graça imerecida, sobre conversão, sobre perdão de pecados, e outros temas mais? Pois é, lamentavelmente, ao contrário disto, nossa hinologia está repleta de expressões simplistas, onde temas como chuva, milagres, bênçãos, vitória e prosperidade se fazem presentes.
Há pouco ouvi uma canção, do Ministério de música "Toque no Altar" que dizia:
"Onde era tristeza se verá
A dupla honra me ornar
Com boas novas proclamar-lhe
Uma nova história celebrar
É chegada a minha hora
Meu silêncio já acabou
Ouça o som da minha grande festa
Eu vou Viver uma virada
Em minha vida, eu creio
Eu vou viver uma virada
O que eu achava estar perdido
E tinha desistido de sonhar
Meu Deus já decretou este é o meu dia
Minha virada festejar"
Caro leitor, repare que a canção em questão é extremamente antropocêntrica, cujo objetivo final é promover a satisfação do cliente. Se não bastasse isso, o ministério em questão é expert no assunto de criar canções cujo foco PRINCIPAL é o prazer do homem. Um exemplo claro disso, é a música “restitui” onde a ênfase primordial encontra-se no realização pessoal através da ação de um Deus cujo atributo principal é obedecer as ordens de seus filhos.
Ah! Que saudade da boa música, ministrada, cantada, com unção, cujo interesse era simplesmente engrandecer o nome de Deus! Que saudade, do louvor apaixonado, que brotava do peito dos adoradores como um grito de paixão e amor.
Definitivamente a coisa está feia! Minha oração é que o Senhor nosso Deus nos reconduza a sala do trono e que lá possamos adorá-lo integralmente entendendo assim, que a glória, o louvor, a soberania pertence exclusivamente a Ele.
Por: Renato Vargens
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